A Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) anunciou, a 23 de Dezembro de 2025, o lançamento de uma nova base de dados global sobre o valor do comércio electrónico, considerada a primeira do género por reunir, num só espaço, estimativas nacionais já existentes e, ao mesmo tempo, expor as grandes lacunas de informação que ainda impedem muitos países de medir, com precisão, o peso real das transacções digitais na economia.
A apresentação da plataforma aconteceu durante a sexta reunião do Grupo de Trabalho da UNCTAD sobre Medição do Comércio Electrónico e da Economia Digital, realizada em Genebra, nos dias 4 e 5 de Dezembro de 2025, com a participação de representantes de 42 países.
Porque esta base de dados importa
A UNCTAD e o grupo de trabalho defendem que melhorar a medição do comércio online deixou de ser um tema “técnico” e passou a ser um tema político e económico: quem não mede, não governa — e, na prática, corre o risco de legislar no escuro.
Segundo a própria UNCTAD, estatísticas mais robustas são essenciais para orientar políticas sobre:
- tributação da economia digital e combate à evasão;
- concorrência e regulação de plataformas;
- acordos de comércio digital e regras para transacções transfronteiriças;
- protecção do consumidor em compras online;
- inclusão digital (acesso e participação de mais cidadãos e negócios);
- apoio às micro, pequenas e médias empresas (MPME), que hoje vendem em redes sociais e marketplaces.
Cresce mais rápido que o PIB — mas segue “invisível”
Um ponto que chamou atenção no encontro: a UNCTAD afirma que, com base em números experimentais, as vendas por comércio electrónico estão a expandir-se significativamente mais rápido do que o PIB global, o que reforça o peso crescente do digital na actividade económica.
Mesmo assim, a agência alerta que a maioria dos países ainda não possui estatísticas capazes de captar:
- o valor total das transacções online,
- o comércio digital transfronteiriço,
- e o crescimento acelerado do comércio baseado em redes sociais (social commerce).
Ou seja: o mercado cresce, muda hábitos de compra e redefine cadeias de valor — mas, para muitos governos, ainda aparece como uma “zona cinzenta” nos números oficiais.
O próximo passo: revisão em 2026 e novos fenómenos digitais
O grupo recomendou que a UNCTAD faça, em 2026, uma revisão completa dos indicadores centrais, para incorporar mudanças recentes como inteligência artificial, modelos de negócio baseados em plataformas, trabalho remoto e serviços totalmente digitais.
Também foi destacado o papel do Task Group on Measuring E-commerce Value, que está a trabalhar em directrizes e recomendações internacionais para medir o valor do comércio electrónico, incluindo apoio em programas de capacitação técnica.
E Moçambique?
Para países em desenvolvimento, como Moçambique, este tipo de iniciativa pode ser um divisor de águas por três motivos:
- Formalização e receita fiscal: medir melhor ajuda a identificar onde o comércio digital acontece e como deve ser tributado de forma equilibrada.
- Protecção do consumidor: com mais transacções online, aumentam disputas, fraudes e reclamações — e dados sólidos ajudam a desenhar respostas.
- MPMEs e vendas via redes sociais: grande parte das vendas já acontece por WhatsApp, Facebook e Instagram; sem medição, é difícil criar programas eficazes de apoio e financiamento.
Se quiseres, eu já transformo isto num formato “pronto para portal” com: subtítulo, intertítulos, bloco de contexto, e um parágrafo final com impacto para Moçambique (estilo jornalístico de leitura rápida).
